Ela gostava de ficar andando nua pela casa depois que transávamos. Eu ficava olhando pensativo.
Com a luz apagada e seu corpo sendo iluminado apelas pela luz da Lua que entrava pela janela. Ela fingia procurar algo na parte de cima do guarda-roupa só para me provocar... ficava na ponta dos pés e os longos cabelos castanhos estendidos nas costas, e quando ela virava o pescoço eu via no canto de seus lábios um sorriso malicioso.
Aquelas noites sendo iguais, eram sempre diferentes uma das outras. Todas as noites ficávamos fazendo amor, conversando e as vezes ficávamos apenas olhando um ao outro, enquanto um de nós dormia. Ou então a madrugada passava em gritos e brigas sem sentido. Eu nunca soube e acho que nunca saberei se aquela era realmente ela. Se ali ela se libertava ou se entre risos e lágrimas não havia um teatro. Uma forma de sair da rotina ganhando dinheiro.
Não sei. E acho que nem quero saber. Eu estava de férias e tudo parecia maravilhoso de uma maneira estranha e real. Real porque tudo que é muito bom dura pouco. E foi assim que aconteceu.
Durante o verão meus ouvidos se deliciavam com sussurros ou gemidos dela, com o bater das ondas nas pedras e a brisa abrindo de leve a cortina do quarto. Meus olhos eram feitos para os dela e para a pouca luz que entrava pela sacada e pela cortina que parecia relíquia vinda de algum lugar praiano do México ou de Cuba. E minhas mãos e boca eram dela. Dos seus seios, pequenos e convidativos. Do seu longo cabelo. De suas grossas e lindas pernas que se entrelaçavam no meu quadril enquanto meu corpo pesava no seu, e eu sentia seu cheiro em meio ao cheiro natural de sexo que impregnava o lugar. Era tudo como se fosse lua-de-mel.
Mas o sol me trazia luz e me tirava ela.
Eu abria minha carteira, pagava o que tinha que pagar e ela agradecia profissionalmente.
E daquele jeito lindo e trágico acabava mais uma noite de amor barato.
terça-feira, 9 de junho de 2009
segunda-feira, 23 de março de 2009
Sangue Latino
Teu fim chegou cedo irmão,
pois o corpo não corresponde à grandeza do espírito.
Mas lutavas como um homem com a ternura de um menino,
e mostrou ao mundo o poder do nosso sangue latino.
Viveu sabendo que só se vive uma vez e que as chances são poucas.
Batalhou pela igualdade e foi um líder inteligente e astuto.
Mas acorda Che, tua guerra já acabou em meio às baforadas do seu charuto.
Não precisa mais se embrenhar no meio da selva,
depois de seus feitos o mundo já não está tão perdido.
E você finalmente descobriu que bala não atravessa apenas peito de bandido.
Mas a Revolução já foi feita...
dentro do coração de jovens sonhadores,
rabiscada nos muros da cidade, e tatuada na alma dos que amam e odeiam a guerrilha.
E estará sempre presente na história e na memória de quem se indigna perante uma injustiça.
Por isso somos irmãos.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Correnteza
Estou sentado aqui na grama sozinho, sem ninguém por perto, encostado numa árvore, olhando o horizonte, com a visão meio embaçada pela fumaça do cigarro que queima na minha boca, que queima minha garganta, meu interior...esquentando o que já há algum tempo está frio.
Observo dois galhos que fluem juntos com a leve correnteza do rio frio e escondido que está a alguns metros de mim. Queria que um dia nós voltássemos a nos encontrar, e pudéssemos percorrer, juntos, um caminho que nos mantivesse unidos, assim como esses dois galhos, que sendo diferentes e imperfeitos, se encontraram num momento qualquer, se entrelaçaram e passaram a ser levados pela força maior da água em que estavam, guiados a alguma direção, ao tudo ou ao nada. Quem dera eu ser guiado junto com você a alguma direção...
Mas eu estou aqui sentado sob um sol de fim de tarde, sozinho. Tentando encurtar a distância dos desejos do coração e da cabeça. Pensando no que eu fiz da minha vida e no que a vida fez de mim.
Não dá pra dizer que eu deixei a correnteza me levar (assim como os dois galhos são levados) e deu no que deu. Não foi assim. Fiz minhas escolhas e algumas deram drasticamente erradas. Me resta agora ter esperança no futuro, mesmo que seja uma breve esperança. Esperança de um dia, do seu lado, aprender a amar. Aprender a te amar.
Observo dois galhos que fluem juntos com a leve correnteza do rio frio e escondido que está a alguns metros de mim. Queria que um dia nós voltássemos a nos encontrar, e pudéssemos percorrer, juntos, um caminho que nos mantivesse unidos, assim como esses dois galhos, que sendo diferentes e imperfeitos, se encontraram num momento qualquer, se entrelaçaram e passaram a ser levados pela força maior da água em que estavam, guiados a alguma direção, ao tudo ou ao nada. Quem dera eu ser guiado junto com você a alguma direção...
Mas eu estou aqui sentado sob um sol de fim de tarde, sozinho. Tentando encurtar a distância dos desejos do coração e da cabeça. Pensando no que eu fiz da minha vida e no que a vida fez de mim.
Não dá pra dizer que eu deixei a correnteza me levar (assim como os dois galhos são levados) e deu no que deu. Não foi assim. Fiz minhas escolhas e algumas deram drasticamente erradas. Me resta agora ter esperança no futuro, mesmo que seja uma breve esperança. Esperança de um dia, do seu lado, aprender a amar. Aprender a te amar.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Despedidas
Como é difícil encerrar algo,
cortar os laços, esquecer caminhos...dar outros passos.
Fica os momentos, as fotos, as encrencas, as risadas...
e um sentimento no peito que parece não ter nome,
uma mistura de nostalgia, arrependimento e incerteza,
é estranho, um monte de perguntas surgem na mente, a voz fica meio presa...
As pessoas dizem que isso é normal e pra eu não me preocupar com isso,
que despedidas são ruins, mas que se despedir é preciso.
cortar os laços, esquecer caminhos...dar outros passos.
Fica os momentos, as fotos, as encrencas, as risadas...
e um sentimento no peito que parece não ter nome,
uma mistura de nostalgia, arrependimento e incerteza,
é estranho, um monte de perguntas surgem na mente, a voz fica meio presa...
As pessoas dizem que isso é normal e pra eu não me preocupar com isso,
que despedidas são ruins, mas que se despedir é preciso.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Palavras de Dentro Ditas da Boca pra Fora
Te entendo por me ligar toda hora,
dizendo que onde quer que eu esteja, seria bom se eu fosse embora.
Te entendo por me xingar quando chego pelo amanhecer,
por eu não te dar o que você merece, por não ter tempo de te ver.
Entendo seu choro quando digo que te amo,
pois deve pensar que não sei amar, ou que te engano.
Entendo você não chorar quando digo que vou partir,
entendo você não acreditar nas minhas verdades, quando enfim me confesso.
Entendo seu medo de ser verdade algumas coisas que digo,
e aquele seu medo bobo de um dia nós sermos apenas amigos.
Te entendo por me amar e me odiar ao mesmo tempo,
pois palavras podem curar e machucar.
Só não entendo como isso tudo pode ser amor e como a dor pode virar amor.
Sei que te entendo. Da minha maneira, mas entendo.
domingo, 31 de agosto de 2008
Mulher Difícil
Quando te conheci percebi que você é o tipo de mulher difícil...
difícil de encontrar, difícil de esquecer.
O tipo de mulher que se traz sempre na mente e se quer sempre junto ao corpo.
Ela é o tipo de mulher difícil de olhar de frente,
e fácil de gostar pra sempre.
Depois de ter ela não consegui mais tirá-la de mim.
É como uma tatuagem, pois querendo ou não estará comigo até o fim.
Outra coisa difícil é controlar o ciúme.
Mais difícil ainda é não sentir esse ciúme.
Saudade de puxar ela pela cintura e sentir aquele perfume,
saudade de sussurrar coisas sacanas no seu ouvido...
de ouvir sua risada, seu gemido.
É difícil viver com você, mais dificil ainda é viver sem você.
Mas não é tão difícil assim entender, que no momento,
tudo o que eu quero é você.
e fácil de gostar pra sempre.
Depois de ter ela não consegui mais tirá-la de mim.
É como uma tatuagem, pois querendo ou não estará comigo até o fim.
Outra coisa difícil é controlar o ciúme.
Mais difícil ainda é não sentir esse ciúme.
Saudade de puxar ela pela cintura e sentir aquele perfume,
saudade de sussurrar coisas sacanas no seu ouvido...
de ouvir sua risada, seu gemido.
É difícil viver com você, mais dificil ainda é viver sem você.
Mas não é tão difícil assim entender, que no momento,
tudo o que eu quero é você.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Lado Z
Minha fúria escondes segredos de um coração zen,
que voa sozinho num zepelim divíno,
onde todos zombam e rezam muito, mas nunca dizem amém.
O "mantra" deles me deixa distraído e zonzo,
saio por ai como um zumbi, procurando pela sua alma,
acompanhado apenas do zéfiro que acaricía meu rosto...
Zelo pela minha liberdade e por você,
pois o amor pra mim sempre andou em zigue-zague,
nessa outra dimensão, ouro e zinco tem o mesmo valor,
e a batida da zabumba só declara dor.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Sobre Todas as Coisas
"Sobre Todas as Coisas" - Chico Buarque
Pelo amor de Deus,não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem?
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
abandonado pelo amor de Deus?
Ao Nosso Senhor,
pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor.
Se tudo foi criado (o macho, a fêmea, o bicho, a flor),
criado pra adorar o Criador.
E se o Criador
inventou a criatura por favor
Se do barro fez alguém com tanto amor
para amar Nosso Senhor.
Não, Nosso Senhor,
não há de ter lançado em movimento terra e céu
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel,
pra circular em torno ao Criador.
Ou será que o deus que criou nosso desejo é tão cruel,
Nos mostra os vales onde jorra o leite e o mel.
E esses vales são só de Deus.
Pelo amor de Deus,
não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem?
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém abandonado?
Pelo amor de Deus...
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